Dr. Jorge Huberman

Variante delta é mais perigosa para as crianças?

A pandemia da Covid-19 gerou preocupação em todo o mundo. E para manter a segurança, escolas e faculdades adotaram as aulas online, muitas empresas aderiram ao home office, academias e comércios foram fechados sem data de retorno. Apesar das flexibilizações, novas cepas da doença ainda assustam, como a variante delta. Por isso vamos abordar neste artigo o tema: variante delta é mais perigosa para as crianças?

Somente no Brasil, até o início de setembro de 2021, quase 580 mil pessoas morreram, e no mundo, são mais de 4 milhões de vidas perdidas.

Entretanto, espalhou-se a ideia de que a Covid-19 não atinge crianças, mas, não é bem assim.

Desde agosto de 2020, mais de 49 mil crianças foram hospitalizadas com Covid-19 apenas nos Estados Unidos, segundo os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do país. 

No Reino Unido o de internação nos hospitais pediátricos está relacionada a outras doenças respiratórias que no início do ano estiveram adormecidas por conta das precauções tomadas na pandemia. Segundo o pediatra Jorge Huberman, o relaxamento das restrições provavelmente levou a uma explosão do vírus sincicial respiratório, que atinge muito crianças.

Após milhões de infectados no mundo todo, neste ano, a vacina trouxe esperança de uma vida normal. Escolas retomaram às aulas presenciais, e alguns serviços voltaram aos escritórios, mesmo que de maneira híbrida.

Porém, junto com as vacinas, também surgiram variantes do coronavírus, que se espalharam muito rapidamente ao redor do mundo.  

Atualmente, uma das cepas de maior preocupação é a variante delta, que tem desacelerado os planos de reabertura em diversos países.

Com as crianças voltando às escolas, entenda quais são os riscos da variante delta e os cuidados necessários para esse grupo. 

Mas afinal, o que é a variante delta e por que se preocupar? A variante delta é mais perigosa para as crianças?

A variante delta é uma mutação do coronavírus. Todos os vírus, como o da gripe, têm facilidade para criar novas versões com rapidez, resultando em diferentes nuances em um curto período de tempo, como foi o caso da Covid-19.

A variante delta foi identificada pela primeira vez na Índia, em dezembro de 2020 e já está presente em mais de 120 países. Aqui no Brasil, já tem circulação comunitária atestada, casos da nova cepa foram confirmados em 16 estados e já deixaram vítimas fatais.

Contudo, o grande problema da delta está no fato de ser mais transmissível que as demais variantes, mas ainda não se sabe ao certo o quanto; estimativas variam entre 60 a 200% a mais. 

Segundo um documento do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, a variante delta é quase tão transmissível quanto a catapora, ou seja: cada pessoa infectada pode contaminar até oito ou nove pessoas, em média.

Já a cepa original do novo coronavírus, comparava-se a um resfriado comum, em outras palavras, uma pessoa doente infectaria outras duas.

Mesmo sabendo que a variante é mais transmissível, ainda assim é um número muito difícil de precisar exatamente. Seriam necessários muitos testes, além dos que já são realizados atualmente.

Entenda quais são os riscos da variante delta em crianças

Variante Delta
Entenda quais são os riscos de crianças se contaminarem com a delta (Pixabay)

Segundo os imunologistas, as crianças têm mais chances de contrair a variante delta da Covid-19, por dois motivos específicos. 

O primeiro é o fato de que crianças menores de 12 anos ainda não estão sendo vacinadas. Por isso, elas apresentam maior probabilidade de serem infectadas. O segundo é que, o risco aumenta com o fato de a delta ser mais contagiosa do que as outras variantes.

Dessa forma, não é correto dizer que a nova cepa seja mais perigosa para as crianças. O que acontece é que, pelo fato de não terem recebido a vacina, estão mais expostas a serem contaminadas com essa e outras variantes.

Em outras palavras, por ser mais contagiosa, é fato que haverá mais casos, independente da faixa etária, especialmente entre pessoas que ainda não puderam ou não quiseram se vacinar.

Outro ponto importante é que, nos Estados Unidos, onde a delta já é a variante mais presente, os relatos de hospitais pediátricos lotados são de estados com menor taxa de vacinação, e isso ainda não foi visto em escala nacional.

Sendo assim, comunidades altamente vacinadas estarão mais protegidas contra a nova cepa do que os locais mais vulneráveis. 

Saiba quais cuidados as crianças devem ter contra a variante delta

Com a retomada das aulas presenciais, as crianças passaram a ter mais contato com diferentes pessoas, o que aumenta as chances de contaminação pela variante delta da Covid-19. Por isso, é preciso manter os cuidados.

Como ainda não estão imunizadas, é necessário que sigam respeitando as medidas de distanciamento, usando máscaras fora de casa e reforçando as medidas de higiene básicas, como sempre lavar as mãos e utilizar álcool em gel.

Recomenda-se que todos os alunos, a partir do jardim de infância, usem máscaras na escola, além de professores e visitantes. Essa é uma forma de evitar que pessoas assintomáticas, que não sabem que estão com o vírus, contaminem outros indivíduos.

Além do uso de máscaras, é necessário que as salas de aula tenham boa ventilação, e que as unidades escolares acompanhem casos suspeitos e positivos para a Covid-19.

Afinal, uma pessoa contaminada pode causar um surto na instituição e impedir as aulas presenciais.

Simultaneamente, é extremamente importante que professores e funcionários elegíveis tomem a vacina, pois, dessa forma, protegerão indiretamente também as crianças.

No entanto, vale lembrar que esses cuidados, assim como a vacinação, não são importantes somente para a variante delta, e sim para todas as cepas do novo coronavírus.

As vacinas são eficazes contra a delta?
saiba o que é a variante delta
Volta às aulas presenciais é motivo de alerta para a delta (Pixabay)

Sim, todas as vacinas contra o novo coronavírus usadas no Brasil, ou seja, Coronavac, Astrazeneca, Pfizer e Janssen, são eficazes contra a nova cepa. Essa é uma maneira de proteger os adultos, e diminuir as chances de surgir uma nova variante. 

Logo, como a vacinação para menores de 12 anos ainda não está liberada, quanto mais adultos se vacinarem, mais as taxas de infecção vão cair, levando à famosa ‘imunidade de rebanho’, e assim, as crianças estarão mais protegidas contra a delta e outras variantes. 

Vale lembrar que a vacinação para adolescentes de 12 a 17 anos já está autorizada no Brasil, e o único imunizante permitido pela Anvisa para este grupo, até o momento, é o da Pfizer. 

Para marcar uma consulta com o pediatra e neonatologista, Dr.Jorge Huberman, ligue para (11) 2384-9701.