Dr. Jorge Huberman

O risco de gravidez precoce

Muito se falou no Brasil nas últimas semanas do risco de gravidez precoce após uma menina de somente 10 anos ter sido estuprada pelo tio e engravidar. Posteriormente, ela fez cirurgia para tirar o feto.

Recentemente, uma campanha de alerta para riscos e consequências da gravidez precoce foi realizada pelo Ministério da Saúde. 

“Prevenção de gravidez na adolescência” é tema de campanha publicitária no país inteiro.  

Em primeiro lugar, é bom que se esclareça: quando uma gravidez ocorre na fase inicial da adolescência, pode gerar, no futuro da jovem, consequências emocionais, sociais e econômicas, tanto para a saúde da mãe, como do pai e também do bebê.

Contudo, infelizmente, esta constatação é uma realidade muito próxima da nossa, já que três em cada dez meninos e meninas começam a sua vida sexual precocemente, já entre os 13 e os 15 anos de idade.

O resultado disso é que há o risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis e até mesmo uma gravidez precoce.

No Brasil, há dois anos, mais de 21 mil bebês nasceram de mães com idade inferior a 15 anos. Apesar deste número estar caindo, essa redução só teve início a partir de 2015, quando foram registrados quase 27 mil nascimentos.

Desde então, o declínio é de 27%. Já na faixa etária de mães entre 15 e 19 anos, a queda ocorre desde o ano 2000, chegando a uma redução de cerca de 40%.

Para incentivar o debate sobre a gravidez precoce, os riscos e as suas consequências, o Ministério da Saúde lançou a campanha “Tudo tem seu tempo: adolescência primeiro, gravidez depois”.

Promovida em conjunto com o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, o objetivo é despertar a reflexão e promover o diálogo entre os jovens e suas famílias em relação ao desenvolvimento afetivo, autonomia e responsabilidade.

Paternidade é pouco exercida em casos de gravidez precoce

A iniciativa desta campanha fez parte da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência.

Um dos maiores desafios da gravidez precoce é que, em muitos casos, a paternidade é pouco exercida. Normalmente essas meninas ficam sozinhas com o bebê que nasceu sem pai.

E essas crianças, muitas vezes, são cuidadas pelas avós. E são elas que acabam tendo que assumir a dura missão do pós parto, ou seja, destes bebês que nascem de mães prematuras.  

Impactos e consequências

Menina segura seu filho: ao engravidar, maioria das meninas acaba deixando a escola
Menina segura seu filho: ao engravidar, maioria das meninas acaba deixando a escola

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), feita em 2015, mostrava uma realidade: 27,5% dos estudantes brasileiros do 9º ano do ensino fundamental já tiveram relação sexual alguma vez na vida, representando mais de 720 mil alunos.

De acordo com este levantamento, a maioria dos estudantes (88,6%), tinha entre 13 e 15 anos de idade; a metade, somente 14 anos. Ao engravidar, muitas meninas abandonam os estudos.

A pesquisa apontou outro dado triste: aproximadamente 20% das adolescentes que engravidaram abandonaram suas escolas, segundo estudo realizado ano passado pelo EducaCenso.

O levantamento contemplou ao menos metade das escolas públicas e privadas do país.

No total, quase 92 mil escolas responderam o questionário e disseram que, em 2018, mais de 65 mil alunas, na faixa etária entre 10 e 19 anos de idade, ficaram grávidas. 

Outro levantamento feito pelo Ministério da Saúde, o Saúde Brasil, revela uma das maiores taxas de mortalidade infantil entre mães mais jovens (de até 19 anos de idade), com 15,3 óbitos para cada mil nascidos vivos (acima da taxa nacional, de 13,4 óbitos).

Isso acontece porque além da imaturidade biológica, condições socioeconômicas desfavoráveis também acabam influenciando nos resultados obstétricos. A falta do exame pré-natal também prejudica os bebês em alguns casos.

“Não podemos esquecer que, na gravidez de adolescentes, há maior risco de: sangramentos; aborto espontâneo; infecções urinárias; anemia; pré-eclâmpsia e eclâmpsia; ruptura precoce da bolsa; parto prematuro; bebê com má formação ou risco respiratório e também das dificuldades para amamentar”, enumera o pediatra e neonatologista, Jorge Huberman.

O pediatra e neonatologista Jorge Huberman durante consulta particular: na gravidez de adolescentes, há maior risco de: sangramentos; aborto espontâneo; infecções urinárias; anemia, entre outros
O pediatra e neonatologista Jorge Huberman durante consulta particular: na gravidez de adolescentes, há maior risco de: sangramentos; aborto espontâneo; infecções urinárias; anemia, entre outros

Gravidez no início da adolescência apresenta mais riscos à vida da mulher

Na faixa etária entre 10 a 14 anos de idade, grande parte dos registros de gravidez se concentra nas regiões Norte (1,4% do total) e Nordeste (1,1%).

Contudo, de outro modo, os menores índices estão na região Sul (0,5%).  

A gravidez logo no início da adolescência apresenta, inclusive, mais riscos à vida da mulher, assim como a gravidez tardia. A razão de mortalidade materna para a faixa de idade entre 10 a 14 anos, foi de 66 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos nessa faixa etária. 

Todo adolescente que procurar por isso encontra no Sistema Único de Saúde (o SUS), nas unidades de saúde da Atenção Primária, o acompanhamento, ligado ao seu crescimento e ao seu desenvolvimento.

Este acompanhamento foi criado pelo Departamento de Ações Programáticas Estratégicas da Secretaria de Atenção Primária à Saúde.

O vínculo com as equipes da Atenção Primária à Saúde permite que os profissionais conheçam os jovens, conversem sobre diversos assuntos e orientem a respeito do plano de vida de cada um, assim como o cuidado para a saúde sexual, saúde reprodutiva e o planejamento familiar.

Um índice que ainda causa grande preocupação é que a taxa de filhos de mães adolescentes no Brasil é superior à média mundial.

Outro: adolescentes que engravidam têm alto risco de sofrer diversos danos, e as mulheres mais pobres, sem dúvida alguma, são as mais atingidas.

Vale lembrar ainda que os índices de gravidez na adolescência em nosso país servem para nos alertar de que ainda temos diversas dificuldades a encarar nessa área.

Dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) revelam que, dos quase 3 milhões de bebês que nasceram em 2016, quase 500 mil eram filhos de mães que tinham entre 15 e 19 anos, atingindo mais de 15% de todos os nascimentos.

Falta de atenção para a educação sexual traz problemas

Mesmo tendo havido uma queda de cerca de 20% nesse número em uma década, ainda temos 68 bebês de mães adolescentes para cada mil meninas na faixa etária entre 15 e 19 anos. A taxa mundial é estimada em 46 para cada mil meninas dessa faixa de idade.

Explicar o porquê desse cenário não é nada simples.

Contudo, os especialistas falam sobre duas hipóteses: independentemente da classe social, os adolescentes estão transando cada vez mais cedo.

Do mesmo modo, falta maior atenção para a educação sexual. A preocupação com o uso de método contraceptivo sempre recai sobre a mulher, e, normalmente, elas têm conhecimento sobre a importância de se prevenir.

Diversos ginecologistas acham que é necessário reforçar a orientação a respeito do uso de métodos contraceptivos, essencialmente os de longa duração.

Sem dúvida alguma, isso ajudaria bastante nos casos em que a jovem se esquece de tomar a pílula.

Para marcar uma consulta com o Dr.Jorge Huberman, ligue para: (11) 2384-9701