Dr. Jorge Huberman

Gagueira infantil: dificuldades e como combater

Este é um tema um pouco difícil para os pais gagueira infantil: dificuldades e como combater.

A gagueira infantil é um problema que surge, normalmente, entre os 2 e os 6 anos de idade e precisa de tratamento: quando mais cedo, melhor!

“É comum, no entanto, que crianças pequenas apresentem instabilidades de fala durante o desenvolvimento da linguagem”, diz a fonoaudióloga Lilian Huberman Krakauer.

Em primeiro lugar, é bom que se saiba: há muitos mitos que ainda existem sobre essa alteração na fluência da fala.  

No começo, você até pensa que o seu filho se enrolou quando ia formar a frase e acabou se atrapalhando nas palavras.

Contudo, um tempo depois, percebe que ele sabe exatamente o que deseja dizer, mas tem dificuldade em verbalizar.

Aí, a própria criança começa a mostrar alguma irritação com a sua fala.

É exatamente essa situação que pode ser um indício da gagueira infantil.  

Segundo estimativas, esse tipo de problema atinge mais de 2% da população mundial.

Isso acontece por quê, ao contrário do que muitos imaginam, a gagueira não é uma questão emocional.

A gagueira pode ser ocasionada por inúmeros motivos, entre eles, fatores genéticos e neurofisiológicos”, afirma Lilian.

Pesquisas demonstram que a insegurança ou a timidez são as consequências da gagueira, não a sua causa.

No entanto, as pessoas que desenvolvem a gagueira, quando adultas, normalmente passaram por algum trauma ou acidente.  

Os que sofrem de gagueira podem até ter dias piores e melhores em relação à intensidade, mas ela é observada com frequência.

A gagueira se caracteriza como um rompimento na fala, que pode ocorrer por mais de duas repetições de sons, sílabas ou palavras monossilábicas; bloqueios (que impedem a articulação do som); prolongamentos de um som acima do esperado e pausas inadequadas durante a comunicação.

A intervenção, feita o quanto antes, é fundamental!

Outro mito comum sobre a gagueira é a ideia do “espera que passa”. A intervenção precoce é fundamental.

Como nem todos os pediatras estão aptos a diagnosticar a gagueira, o recomendável é que os pais procurem uma fonoaudióloga especializada se desconfiarem de que algo não está no caminho certo.

No entanto, se você tem um pediatra experiente, orientando os pais e seus filhos, tudo vai dar certo!

Os meninos estão mais sujeitos a desenvolver gagueira. Pesquisas mostram que os meninos apresentam o problema com maior frequência, em uma proporção quatro vezes maior do que as meninas.

Após o diagnóstico, o tratamento consiste em informar os pais para que entendam o problema e criem um ambiente favorável para o desenvolvimento da criança.

“Entre as medidas iniciais estão: não se afobar ou cobrar demais, para que a criança se expresse de forma correta, nem a corrigir o tempo todo, e, se necessário, seguir as orientações do pediatra e/ou fonoaudióloga”, ensina Lilian.

Vale ressaltar: os pais são fundamentais para auxiliar os filhos nesta questão.

Além de uma boa dose de paciência, é fundamental que os pais falem mais devagar e formem frases simples.

Em muitos casos, as crianças começam a presentar uma melhora rápida devido às orientações passadas à família.

“Contudo, o tratamento é longo, feito com fonoaudiólogo (a) e possui como meta melhorar a fluência da comunicação”, diz a fonoaudióloga.

“Para tanto, isso é realizado através de exercícios específicos, da utilização de ferramentas tecnológicas, como softwares que alteram o feedback auditivo, pela reorganização do padrão de fala do paciente”.

Gagueira pode atrapalhar na escola  

Estimule sempre a criança a falar: a gagueira pode até afetar o seu desempenho na escola!

Mesmo que a gagueira não afete o desempenho intelectual da criança, ela pode causar desmotivação na escola, se os professores não souberem lidar com este problema.

Além disso, claro, a gagueira, muitas vezes, torna-se motivo de bullying entre os amiguinhos da escola e se transforma em um obstáculo à socialização da criança. Por este motivo, quanto mais cedo for diagnosticada, melhor será a qualidade de vida dos pequenos.

Sem dúvida alguma, a gagueira gera um monte de dúvidas nos pais da criança que sofre desse problema.

Afinal, da noite para o dia, sem aviso prévio, a gagueira aparece e se instala na fala das crianças, assustando todos os envolvidos.

Algumas das perguntas mais comuns são: “O que causa a gagueira?”; “Existe gagueira temporária?”, “Até quando é aceitável gaguejar?”; “Meu filho começou a gaguejar, devo corrigir?”.

Vale lembrar que a disfluência – popularmente conhecida como gagueira – é uma modificação no ritmo normal da fala.

Todos esses fatores podem estar associados a movimentos corporais e faciais involuntários (os chamados “tiques”) e serem percebidos em diferentes graus e tipos (fisiológicos, funcionais e orgânicos) de gagueira. 

Cabe também sempre a lembrança: por volta dos 2 anos e meio / 3 anos de idade que normalmente a gagueira se inicia entre as crianças.

De pronto, é impossível saber se é uma questão de alteração temporária ou se trata de um quadro permanente.

Isso porque tanto aquela gagueira que é um distúrbio da fluência da fala quanto a chamada “orgânica”, que tem caráter passageiro e intermitente, são bastante comuns nessa etapa do processo de desenvolvimento de linguagem.

Avaliação realizada com fonoaudiólogo é essencial para que a família seja orientada

Avaliação de um especialista é essencial para que a família seja orientada e a criança se sinta acolhida

Contudo, independente do tipo, uma avaliação realizada com fonoaudiólogo (a) é essencial para que a família seja orientada e a criança acolhida!

“Depois dos 3 anos e meio de idade, não é mais esperado que a criança gagueje, sem que se observe um distúrbio de comunicação mais amplo”, afirma Lilian.

Caso perceba que seu filho, na faixa etária entre 5 a 8 anos de idade, está gaguejando, leve-o para uma avaliação com um especialista. É improvável que nessa idade crianças que gaguejam estejam em uma simples fase passageira.   

Atualmente, já se sabe que há fatores genéticos e neurológicos associados ao aparecimento deste problema.

Na fonoaudiologia, há diversas linhas teóricas sobre o estudo da gagueira: desde considerações sobre o processamento motor da fala e a fluência da fala até mesmo questões subjetivas e socioculturais.

O mais importante: gagueira tem solução! A pessoa que gagueja faz isso de modo involuntário.

Então, caso você não concorde ou não observe melhoras com a linha de tratamento definida pelo profissional, fale com ele e tire todas as suas dúvidas.

Se mesmo assim não resolver, procure um profissional que tenha outro direcionamento terapêutico.  

Por fim, como pai ou mãe, não dê risada de jeito nenhum. Tão pouco faça piada ou ridicularize a criança em casos de gagueira. Lembre-se: esse tipo de atitude trará consequências emocionais para ela.  

Não solicite que ela tenha calma, apenas fale para ela pensar ou respirar antes de falar.

Preste atenção ao conteúdo da fala da criança!

“A orientação dada às famílias é aguardar a criança falar no tempo dela. Não pedir para respirar. Há que se explicar que temos tempo para escutar. Olhe nos olhos dela e preste atenção ao conteúdo da fala, demonstre interesse.

De um jeito ou de outro, ela vai aprender a se expressar direito.

A gagueira é involuntária. Sendo assim, sugerir que a criança mantenha o controle não adiantará nada. 

Fale sobre o assunto com carinho e ofereça ajuda!

Gagueira não tem graça, tem tratamento.