Dr. Jorge Huberman

Fimose em bebês: saiba quando procurar ajuda

Muitos pais, principalmente os de primeira viagem, podem ter receio, preocupações e dúvidas com relação à fimose nos bebês. Tal condição aparece nos primeiros anos de vida, mas caso não suma, vale a pena procurar orientação médica.

Do grego, a palavra “fimose” vem de “phimos” e é traduzida literalmente para “mordaça”. Atualmente, esse termo é usado pelos médicos e especialistas para se referir a uma espécie de “capa” que cobre a parte superior do pênis.

Em termos gerais, a fimose é caracterizada pela dificuldade, ou até mesmo pela impossibilidade de retirar a pele que cobre a glande, ou seja, a cabeça do pênis. Essa camada chamada de prepúcio, tem forma anelar e cerca estreitamente a ponta do órgão genital masculino.

Sendo assim, a fimose se caracteriza quando o prepúcio é muito apertado e por isso não permite que a glande seja exposta. Essa condição causa, dentre outros problemas, incômodo, muita dor e impede a higienização da região.

Porém, essa não deve ser uma preocupação nos primeiros anos de vida do seu filho, afinal, praticamente todos os meninos nascem com fimose. Essa condição só se torna um problema quando não desaparece naturalmente, mas permanece na adolescência e na vida adulta.

Após 3 anos de idade, caso a fimose não tenha desaparecido e o prepúcio esteja gerando incômodo e causando problemas como infecções e inflamações, é fundamental pedir a avaliação de um especialista no assunto.

Confie no pediatra do seu filho. Ele é seu principal aliado quando o assunto é desenvolvimento saudável da criança e pode esclarecer suas principais dúvidas sobre essa situação. Juntos, é possível identificar o melhor tratamento.

Tipos de fimose

Cientistas apontam que a fimose tem um efeito protetor contra aspectos irritantes da urina e das fezes. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde, as chances de um menino nascer com o prepúcio totalmente retrátil é bem baixa: cerca de 4%.

Estatisticamente falando, ao final do primeiro ano de vida, apenas 50% dos bebês apresentam retração do prepúcio. Essa porcentagem aumenta para 89% quando os meninos chegam aos 4 anos de idade. Mas a evolução para um prepúcio totalmente retrátil só é alcançada na infância.

A incidência de fimose em crianças de 6 a 7 anos é de 8% e apenas 1% em rapazes de 16 a 18 anos de idade. Isso indica que a fimose em adultos é uma condição rara, mas não é por esse motivo que ela não merece atenção e cuidado.

A fimose pode ser classificada em dois tipos:

  • Fisiológica: fimose de nascença que desaparece naturalmente.
  • Patológica congênita: causada por alguma infecção ou trauma na região, podendo ser desenvolvida em qualquer idade. É importante ressaltar que para que isso aconteça é necessário a repetição de sintomas, ou seja, uma única infecção na glande não representa um risco em potencial para formar uma fimose.

Além dos tipos de fimose, também existem os níveis relacionados a retratibilidade do prepúcio:

  • Nível 1:  nenhuma retração do prepúcio
  • Nível 2: exposição da entrada da uretra
  • Nível 3: exposição de metade da glande
  • Nível 4: exposição quase completa da glande
  • Nível 5:  exposição completa da glande

Perigos à saúde causados pela fimose

As consultas com o pediatra são fundamentais para garantir a saúde do seu filho
As consultas com o pediatra são fundamentais para garantir a saúde do seu filho (Foto: Freepik)

Como o prepúcio estreito não permite que a glande seja exposta, a limpeza completa da região é prejudicada. Sendo assim, a chance de proliferação de fungos e bactérias é bem grande, desencadeando graves inflamações e infecções. Sendo elas:

  • Balanopostite: Inflamação da glande e do prepúcio. São originadas a partir de um trauma mecânico, irritação ou alergias no local. É caracterizada por vermelhidão e inchaço do pênis, com umidade e saída de secreção clara ou amarelada;
  • Parafimose: nesse caso a pele do prepúcio não consegue retornar à posição normal, comprimindo o pênis de forma circunferencial e causando edema local, o que pode comprometer a circulação sanguínea peniana.

Em relação ao desenvolvimento do pênis, a fimose não atrapalha em nada. Porém, a condição pode levar à demais complicações como infecções urinárias, dor ao urinar, maior suscetibilidade a Infecções Sexualmente Transmissíveis na idade adulta e desconforto durante as relações sexuais.

Diagnóstico e tratamento da fimose

Todas as crianças devem realizar o acompanhamento com o pediatra. É através de consultas periódicas que condições como a fimose são diagnosticadas e rapidamente tratadas. Sendo assim, não deixe de levar seu filho ao médico.

Os sinais de alerta para pais e responsáveis são inflamações ou infecções recorrentes do prepúcio e nas vias urinárias. Caso isso aconteça, e não tenha sido percebido pelo médico anteriormente, leve seu filho ao hospital para o diagnóstico correto da condição.

Em crianças obesas é mais difícil identificar a fimose, já que a pele do pênis é empurrada para a frente pela gordura, dificultando a exposição da glande. Nesses casos a gordura também pode ser confundida com o excesso de prepúcio.

A partir do momento em que a fimose é, de fato diagnosticada, já é possível a realização do tratamento clínico. Este se dá por meio de movimentos suaves, principalmente durante a hora do banho, seguindo as especificações do médico especialista.

Caso esse tratamento não resolva o problema, será necessário uma intervenção cirúrgica. Inclusive, há casos em que a cirurgia é o tratamento mais indicado, especialmente quando se trata da fimose balanopostite.

Vale destacar que o tratamento cirúrgico não tem idade específica para ser realizado. As cirurgias são simples e bem sucedidas em 98% das vezes. A intervenção pode ser tradicional, com uso de bisturi, ou, nos casos mais simples, com a colocação de um anel plástico.

É preciso ter atenção aos detalhes
Os hábitos de higiene devem ser ensinados desde cedo para evitar complicações futuras
Os hábitos de higiene devem ser ensinados desde cedo para evitar complicações futuras (Foto: Freepik)

É fundamental que os pais e responsáveis instruam seus filhos, desde pequenos, a manterem o hábito da higiene íntima. Criando esse costume desde a infância, a limpeza corporal será levada ao longo da vida. Sendo assim, menores são os riscos de contraírem doenças.

Os meninos, desde pequenos, devem saber limpar o pênis da forma correta: tracionar o prepúcio e lavar a glande durante o banho, a fim de evitar o acúmulo de secreções que propiciam o aparecimento de fungo e bactérias.

O pediatra e neonatologista Jorge Huberman explica: “O esmegma em bebê é uma secreção natural do corpo humano, no entanto, quando em excesso pode causar problemas. Quando a pele do prepúcio não se contrai totalmente e a criança é diagnosticada com fimose, é normal que ocorra a higienização incorreta do pênis e o esmegma vai, portanto, se acumulando sob o prepúcio”. Na dúvida, consulte seu médico.

Para marcar uma consulta com o pediatra e neonatologista Dr. Jorge Huberman, ligue para (11) 2384-9701