Dr. Jorge Huberman

Entenda a união e a sintonia entre irmãos gêmeos

Ter um filho é mágico. A chegada de uma nova criança é repleta de surpresas e felicidade. E quando essa magia vem em dobro? A chegada de irmãos gêmeos cria uma expectativa gigante nos pais e em toda família. Neste artigo vamos justamente abordar este tema: entenda a união e a sintonia entre irmãos gêmeos. 

Em primeiro lugar, cabe entender que a experiência de ter filhos gêmeos é única. Além da criação em dobro, o que se destaca é a parceria que ambos os irmãos costumam criar durante a fase de crescimento.

Por muitas vezes, irmãos gêmeos tendem a ser melhores amigos, pois veem no outro, literalmente, uma alma gêmea.

Justamente por isso, os pais devem se comprometer para que essa relação se mantenha, além de saudável, para toda a vida. Lembrando que embora os gêmeos se tornem parceiros, é necessário que os pais respeitem a individualidade de cada um. 

Geralmente, conhecemos o melhor amigo ou amiga depois de alguns anos. Seja na escola, no bairro em que vive ou até mais tarde, na faculdade ou trabalho.

Contudo, para os irmãos gêmeos essa amizade começa ainda na barriga da mãe. 

Irmãos gêmeos possuem uma identificação muito forte um com o outro. É algo intenso desde os primeiros momentos da vida.

Os filhos gêmeos se comportam como duplas – fazem tudo juntos – e com o crescimento começam a criar identificações próprias.

Os fatores que geram essa união e sintonia em gêmeos estão muito relacionados ao que aprenderam juntos ainda pequenos. 

Por exemplo, andar, falar e as primeiras descobertas que foram feitas com o apoio um do outro. Estes períodos já fortalecem o laço de amizade e confiança entre os gêmeos.

Na adolescência, estes fatores de parceria ainda costumam ser fortes.

Obviamente, com o passar do tempo, o círculo de amigos e os gostos pessoais tendem a conduzir os gêmeos para caminhos diferentes. 

Gêmeos não iguais também são unidos? 

Pai segura seus dois filhos gêmeos: os pais são os responsáveis por criar ambientes saudáveis para os gêmeos. Foto: Unplash
Pai segura seus dois filhos gêmeos: os pais são os responsáveis por criar ambientes saudáveis para os gêmeos. Foto: Unplash

Mesmo assim, os pais devem fazer com que essa separação não seja extrema e sim, saudável.

Basicamente, quando falamos de gêmeos não iguais, estamos mencionando os bivitelinos. Estes são gêmeos formados quando os dois óvulos da mulher liberam ovócitos, que são fecundados por dois espermatozoides ao mesmo tempo.

Eles compartilham 50% de genes iguais, enquanto os univitelinos compartilham 100%.

Os gêmeos não semelhantes possuem traços diferentes e às vezes são de sexos opostos. Embora essas diferenças existam, é comum ver que a parceria, devido a criação conjunta, ainda é muito forte. 

No entanto, por não serem idênticos fisicamente, os gêmeos bivitelinos tendem a ter maior facilidade para se relacionar e viver mais afastados do irmão.

Isso ocorre, porque mesmo sendo gêmeos, não são tratados como duplas de fato, e a liberdade para que criem sua individualidade é maior.

De acordo com o pediatra Jorge Huberman , autor de um capítulo do livro “Filhos Gêmeos – Saiba Tudo Sobre Gemelares”, de Renata Dejtiar Waksman e Cláudio Schvartsman, a chance de um casal ter uma gravidez de mais de um feto naturalmente é cerca de 1/90. “Existem fatores que influenciam nessa taxa e aumentam a chance da gestação múltipla. A gestação gemelar ocorre naturalmente quando já existem casos de gêmeos bivitelinos na família da mulher.  Com os procedimentos de fertilização por exemplo, essas chances aumentam”, diz o neonatologista Jorge.

Para pais de filhos gêmeos, é comum ter dúvidas sobre como incentivar a individualidade de cada um.

Com isso, é necessário saber como tratar e incentivar cada filho para que eles sigam suas intuições e vontades.  

É comum que pais de gêmeos tratem ambos os filhos da mesma forma, como se fossem um só, mas não é o recomendado.

Vestir as mesmas roupas, ter o corte de cabelo igual ou passar o tempo livre com os dois juntos acaba afastando a individualidade de cada um. 

Um exemplo para começar a desenvolver bons hábitos com os gêmeos, é programar um passeio separado, um filho sai com a mãe e outro com o pai. 

Essas atividades ajudam a diminuir a dependência emocional que um irmão tem com o outro, e ao mesmo tempo não afeta a relação entre os gêmeos.

Separação dos gêmeos também pode ocorrer na escola: entenda a união e a sintonia entre irmãos gêmeos

Irmãs gêmeas sorriem em campo: gêmeos criam laços ainda na barriga da mãe. Foto Unplash
Irmãs gêmeas sorriem em campo: gêmeos criam laços ainda na barriga da mãe. Foto: Unplash

Muitos psicólogos infantis incentivam também que essa separação ocorra fora de casa, como na escola. Colocar as crianças em salas separadas após três anos de idade, é a recomendação. 

Pode parecer assustador à primeira vista. No entanto, é neste ambiente que a criança começa a criar as primeiras relações de amizade e manifesta sua personalidade, por meio da relação com outras pessoas.

Um dos mais famosos estudos sobre a união de gêmeos foi do psicólogo canadense, Steven Pinker.

O autor do livro “Como a mente funciona”, fez um estudo com irmãos gêmeos que foram separados e criados com famílias diferentes. 

Steven percebeu que mesmo nessas condições, os gêmeos tinham semelhanças nos talentos como matemática e línguas, além de opiniões iguais sobre diversos temas.

Este estudo conclui que mesmo com ambientes externos diferentes, a estrutura genética semelhante influencia o fato de os gêmeos terem ligações.

Steven avaliou que 50% da sintonia dos gêmeos é genética e o restante vem do ambiente onde o gêmeo é criado para se desenvolver. 

Irmãos gêmeos têm a sorte de ter o melhor amigo por perto a vida toda.

Cabe aos pais saberem equilibrar essa relação para que dure para sempre.

Para ajudar nessa tarefa, existem livros que tratam casos de irmãos gêmeos, como:

 “Irmãos sem rivalidade” escrito pela americana Adele Faber, e também o manual de autoajuda, “Atendimento psicanalítico de gêmeos”, escrito pela brasileira Adele Gueller.

Para marcar uma consulta com o pediatra e neonatologista Dr. Jorge Huberman, ligue para (11) 2384-9701.