Dr. Jorge Huberman

É possível ser uma boa mãe e profissional?

Toda mulher que sonha em ter filhos enfrenta um impasse ao longo da vida. Afinal, é possível ser uma boa mãe e profissional ao mesmo tempo? Na maioria das vezes, os dois papéis são colocados como opostos.

É inegável que a maternidade impõe obstáculos para a vida da mulher. De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) , é comum que elas percam o emprego após terem filhos. O mercado de trabalho é um ambiente hostil para as mães.

O mesmo estudo afirma ainda que metade das pessoas do sexo feminino é demitida em até dois anos após a licença-maternidade. Isso significa que os empregadores relacionam a questão com  falta de lucratividade e abandonam as funcionárias nesse momento delicado.

O cenário se agrava quando lembramos a quantidade de mães solteiras no Brasil. Entre 2005 e 2015, o número de famílias lideradas exclusivamente por mulheres subiu de 10,5 milhões para 11,6 milhões, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O dado é preocupante se pensarmos que a maioria delas vem de origem humilde e não tem rede de apoio ou condições de pagar por babás. Essa conta não fecha e demonstra a necessidade de ascensão profissional destas mulheres no ambiente corporativo.

Desmistificar a ideia de que a maternidade limita as mulheres seria vantajoso para a sociedade, como um todo. Um artigo publicado na revista científica Behavioral Neuroscience em 2010, mostra que as mães adquirem novas habilidades após a gravidez.

Como consequência das mudanças hormonais durante a gestação, elas apresentam mudanças cerebrais vantajosas para o mercado de trabalho. As áreas da mente relacionadas ao planejamento, raciocínio e julgamento são desenvolvidas nesse período.

O pediatra e neonatologista Jorge Huberman ainda reforça que, na verdade, filhos que crescem com mães que trabalham fora, tendem a ser mais responsáveis e felizes. “Esse é o resultado de um estudo recente, realizado em conjunto pela Universidade de Harvard, a Kingston University e a Worcester Polytechnic, que procurou verificar as relações entre maternidade e mercado de trabalho”, explica.

O pediatra e neonatalogista, Dr.Jorge Huberman, em seu consultório, no Instituto Saúde Plena fala sobre ser mãe e profissional
O pediatra e neonatalogista, Dr.Jorge Huberman, em seu consultório, no Instituto Saúde Plena fala sobre ser mãe e profissional (Foto: Kesher Conteúdo/Divulgação)

Além de todos esses aspectos, é preciso ressaltar a importância de a mulher não deixar suas ambições de lado em prol da maternidade. No futuro, o peso da decisão pelo abandono de uma carreira pode resultar em uma pessoa frustrada e infeliz com a sua condição.

Descubra como gerir o tempo de forma adequada para poder conciliar a maternidade e o trabalho. Veja também dicas de como preparar o bebê para viver distante da mãe pelo menos por algumas horas do dia.

Ser profissional é importante para a mãe e os filhos

A grande maioria das mães que trabalham fora de casa conhecem a culpa, a verdadeira inimiga da maternidade. Ao mesmo tempo em que não se sentem bem em abrir mão de suas vontades, elas se acham egoístas por desejar manter essa esfera da vida viva.

A necessidade de se sentir produtivo e enxergar um sentido maior nas atividades que exercemos é inerente ao ser humano e a preocupação em estar ausente na criação dos filhos se mostra cada vez mais sem fundamento.

Além de mostrar aos pequenos o potencial que têm, uma mulher apaixonada pelo que faz transmite alegria e confiança aos pequenos. Levantamentos apontam que estes são beneficiados quando tem uma mãe bem-sucedida profissionalmente.

As crianças que crescem sob essa influência tendem a ter menos problemas de aprendizagem e mais autonomia. Os que não vivem acompanhados pelos pais durante todo o tempo resolvem parte dos problemas sozinhos e superam desafios com maior facilidade.

Outra vantagem muito aparente é a criação de pessoas menos preconceituosas. A relação entre os pais é o principal modelo para os filhos. Se homem e mulher compartilham tarefas domésticas e atuam também fora de casa, isso servirá de referência no futuro.

Quando o bebê conhece o lado profissional da mãe

Na retomada da carreira profissional da mãe, os bebês podem sofrer. Por isso é preciso ser assertiva e prepará-los antes
Na retomada da carreira profissional da mãe, os bebês podem sofrer. Por isso é preciso ser assertiva e prepará-los antes (Foto: Freepik)

Voltar ao trabalho após a licença-maternidade é complicado tanto para a mãe quanto para o bebê. Nessa fase, os dois ainda não se entendem bem como indivíduos independentes e existe a possibilidade de causar traumas na criança.

Pensando nisso, seguem algumas dicas para fazer com que essa transição ocorra da melhor forma possível:

  1. Prepare a criança na véspera. Mesmo se você achar que ela não terá a capacidade de compreender a situação, explique. Procure descrever o que acontecerá no dia seguinte e deixe claro que você voltará para perto assim que possível.
  1. Nada de sair às escondidas. Embora essa seja uma saída tentadora para as mães que ficam com o coração apertado, é importante sinalizar sua saída. Caso aconteça o contrário, é possível que o bebê se sinta traído ou abandonado.
  1. Seja breve e assertiva. Após se despedir, saia de casa sem titubear mesmo que a criança chore de início. Esse é um impulso natural dos pequenos, confie que a pessoa que está responsável por eles é capaz de consolá-los.

A situação se agrava se eles sentirem insegurança por parte da mãe. Por isso, evite demonstrar medo ao deixá-los sob os cuidados de outros. O movimento de vai ou não vai será entendido pela criança como ambíguo e aumentará o sofrimento de ambos.

  1. Garanta a alimentação do bebê, isso também te deixará mais tranquila. Se a introdução alimentar ainda não tiver sido recomendada pelo pediatra retire o leite materno com auxílio de bombas e congele o conteúdo.

Já no caso de alimentos como papinhas e frutas, pense em um cardápio adequado para garantir os nutrientes necessários para a criança.

  1. Planeje com antecedência quem cuidará da criança. Em um primeiro momento de adaptação, o ideal é que a criança fique com algum familiar que já tenha certa intimidade. Se não for possível, a creche e a babá podem ser soluções pertinentes.

Para encontrar uma babá de confiança, vale pedir sugestões de amigos, vizinhos e da equipe do pediatra . As referências podem ser checadas em uma entrevista formal.

Conselhos para não se sentir sobrecarregada enquanto mãe e profissional

É raro conhecer uma mãe que faça dupla jornada e não se sinta exausta. Para evitar que isso aconteça, é indicado que estas mulheres aprendam a delegar funções em todas as esferas da vida.

Se você for mãe solteira, por exemplo, não tenha vergonha de pedir para um parente ou amigo olhar o seu filho enquanto você tira algumas horas só para você.

Também não pegue todas as funções para si no trabalho, tente dividi-las com sua equipe. O resultado dessa mudança será o aumento da qualidade do seu trabalho, mesmo que a quantidade diminua.

Empreender é uma possibilidade para as mães que desejam conciliar o lado profissional e a maternidade
Empreender é uma possibilidade para as mães que desejam conciliar o lado profissional e a maternidade (Foto: Freepik)

Reduzir o tempo destinado aos serviços domésticos é outra tática infalível. Se for financeiramente viável, considere ter uma ajudante de cozinha e limpeza. Caso contrário, cozinhe em grande quantidade e congele. Isso facilitará o dia a dia com um bebê.

Não se esqueça de manter uma rotina de sono razoável. Não leve o lema “trabalhe enquanto eles dormem” ao pé da letra e aprenda a se dar o direito do descanso. Se você não estiver saudável, será cada vez mais difícil alcançar o bem-estar.

Mães que dominam o mundo do empreendedorismo profissional

Muitas mulheres repensam suas escolhas profissionais após a chegada de um filho. Qual a mãe que não gostaria de trocar as oito horas de trabalho diário por uma rotina flexível, na qual fosse possível ficar mais tempo com os pequenos?

Não é por acaso que o empreendedorismo feminino vem roubando a cena e servindo de alternativa de sustento e renda extra. Segundo dados apurados pelo Sebrae, o Brasil tem a 7ª maior proporção de mulheres entre os Empreendedores Iniciais.

Quase metade dos Microempreendedores Individuais (MEIs) pertencem ao sexo feminino e estão envolvidas em atividades relacionadas à beleza, moda e alimentação. Uma parcela expressiva dessas donas de negócio trabalham à domicílio.

Embora seja um desafio equilibrar o tempo entre vida pessoal e profissional, essa opção representa uma luz no fim do túnel para aquelas que transformaram suas prioridades e pretendem se manter ativas no mercado sem deixar a maternidade em segundo plano.

Para marcar uma consulta com o pediatra e neonatologista Dr. Jorge Huberman, ligue para (11) 2384-9701.