Dr. Jorge Huberman

Conheça os prejuízos do trabalho infantil 

Lugar de criança é na escola, na quadra, no parque, na brinquedoteca e não no trabalho! O trabalho infantil constitui uma das mais graves violações dos direitos das crianças e adolescentes por uma série de motivos. Por isso, saiba mais e conheça os prejuízos do trabalho infantil! 

Em primeiro lugar, o trabalho, quando iniciado prematuramente, pode atrapalhar a evolução física e psíquica da criança, além de tirar uma gama de sonhos e possibilidades. Justamente por isso, a atividade é totalmente proibida no Brasil. 

O pediatra Jorge Huberman reforça a importância de se denunciar qualquer suspeita de que uma criança esteja trabalhando. “Nem sempre o trabalho infantil é facilmente detectado pelas autoridades. Então, é preciso agir!  A ligação para o Disque 100 é gratuita – o canal encaminha o caso para a rede de proteção. Outra alternativa é acessar a página de denúncias do Ministério Público do Trabalho”, explica.

A infância é o momento de sonhar, criar, brincar, aprender e aproveitar de todos os recursos que se têm para crescer, amadurecer e evoluir. Mas, afinal, por que a criança não pode trabalhar? 

As crianças não podem trabalhar porque o corpo delas não está apto para esse tipo de atividade. Pesquisas mostram diferentes impactos negativos do trabalho no corpo delas.

Para começar, na infância, ainda não temos os ossos e músculos completamente desenvolvidos – por isso, aliás, as fraturas são tão comuns nessa fase. Sendo assim, as chances de acidentes durante um trabalho são muito maiores. 

Além desse risco, as crianças também sofrem mais ao serem expostas a certas substâncias, pois a entrada e a saída de ar dos pulmões são reduzidas. Com isso, a chance de sofrerem danos físicos ao estarem em contato com uma fábrica, por exemplo, é muito maior que a dos adultos. 

Os problemas de saúde vindos com o trabalho infantil podem ir além e aparecerem no coração. Isso porque o coração das crianças bate mais rápido que o dos adultos, e o excesso de esforço aumenta a frequência cardíaca delas, trazendo mais prejuízos à saúde.

Conheça os prejuízos do trabalho infantil: desidratação e cansaço

prejuízos do trabalho infantil
É preciso salientar que o lugar da criança é brincando e na escola (Foto: Pixabay)

Algo parecido ocorre na fase infantil com a produção de calor. O corpo das crianças produz mais calor que o dos adultos quando submetidos a trabalhos pesados. Isso pode causar, entre outras coisas, desidratação e maior cansaço. 

Em suma, o que acontece é que nosso corpo vai evoluindo ao longo da vida em relação à saúde e proteção, para depois voltar a se fragilizar quando chegamos em uma idade avançada. 

Com isso, as crianças são muito mais sensíveis que os adultos em diversas áreas do corpo – da pele, aos ossos e órgãos. O trabalho infantil, então, se traduz em sérios riscos para a saúde e até mesmo para a sobrevivência das crianças. 

Pesquisas mostram que crianças e adolescentes que trabalham costumam ter um rendimento inferior na escola, já que vão estudar muito mais cansadas do que deveriam estar, devido à exaustão originada com a atividade remunerada. 

Esse rendimento abaixo da média, por sua vez, contribui com a evasão escolar, já que muitos não se veem capazes de acompanhar a série onde estão e, precisando do trabalho, optam por desistir das aulas. 

Além disso, o trabalho infantil rouba oportunidades, porque essas crianças e adolescentes acabam não tendo tempo suficiente para se dedicar ao estudo e às atividades culturais e esportivas no resto do se tempo livre. 

Essa falta de tempo para se dedicar à escola e demais atividades, por sua vez, prejudica o desenvolvimento em diversas áreas, desde a intelectual até a física e social.

Ou seja, essa criança também tem os sonhos roubados ou percorre um caminho muito mais árduo para conquistar seus objetivos. 

Prejuízos éticos e morais do trabalho infantil

O ambiente de trabalho costuma ser marcado por grande competitividade, onde as pessoas buscam o próprio desenvolvimento e visam lucro.

Adultos, que já têm o intelecto e psicológico formados, costumam ter mais facilidade para lidar com essa realidade – e ainda assim, não é fácil. 

Já as crianças dificilmente saberão como se comportar ou lidar com isso (e nem deveriam!). Essa realidade constrói pessoas que deixam de lado valores importantes de moral e ética. 

Agora, não é porque a criança não trabalha que ela não vai aprender sobre o valor do dinheiro e como lidar com ele. Para ter essas noções, ela vai precisar muito do apoio em casa e também do auxílio da escola. 

No caso da escola, é cada vez mais comum vermos problemas de matemática envolvendo dinheiro, com exemplos práticos. Ao ler esses problemas e resolvê-los, as crianças vão, aos poucos, entendendo sobre como poupar ou gastar. 

Além disso, projetos de educação financeira nas escolas estão se expandindo cada vez mais, garantindo orientação nessa área desde pequeno. 

Já em casa, você pode mostrar ao seu filho o valor do dinheiro de diversas formas. Uma boa possibilidade é fazê-lo escolher. 

Durante um passeio, por exemplo, é comum que as crianças peçam muitas coisas: de brinquedos à guloseimas. Nessas situações, prepare-se para ensiná-lo que é preciso poupar e fazer escolhas. 

trabalho infantil é prejudicial
O trabalho infantil não é uma boa forma das crianças aprenderem sobre valores (Foto: Pixabay)

Não há mal nenhum em mostrar ao seu filho o quanto você tem e quer gastar naquele dia e fazê-lo escolher entre guloseimas e brinquedos.

Pegue o dinheiro e mostre a ele quanto você tem e quanto cada uma das coisas custam e deixe a escolha na mão dele.

Com essas situações práticas, a criança vai, aos poucos, entendendo que, como dizem por aí “dinheiro não nasce em árvore”, e aprendendo a valorizar seus esforços para mantê-lo. 

Responsabilidade não se adquire apenas com o trabalho 

Dizer que a criança não pode trabalhar não significa assumir que ela não deva ter responsabilidades. Para seu filho adquirir essa noção, a família e a escola, mais uma vez, têm papéis essenciais que precisam ser trabalhados. 

Na escola, ele vai aprender que é necessário estudar e se dedicar para passar de ano – assim como entenderá que toda causa traz consequências. Além das atividades escolares, a responsabilidade em casa também pode ser promovida. 

Pedir que seu filho tenha uma rotina matinal de arrumar a cama, ajudar a colocar a mesa na hora do almoço e manter o quarto em ordem, por exemplo, são atividades que podem ser facilmente feitas por crianças e ajudam em seu desenvolvimento.

Contudo, conversar é sempre o melhor caminho para ensinar valores ao seu filho, assim como incentivar a leitura, o consumo da cultura e o gosto pela educação. Afinal, criança não trabalha, dá trabalho – no melhor sentido, é claro. 

Para marcar uma consulta com o pediatra e neonatologista, Dr.Jorge Huberman, ligue para (11) 2384-9701.