A pandemia da Covid-19 certamente mudou muitas coisas da nossa vida e do nosso cotidiano. Com a sua chegada, a forma na qual socializamos com outras pessoas, foi alterada, assim como o nosso emocional e, em alguns casos, até a nossa concepção de família. Um assunto a ser abordado neste contexto é: como tratar o excesso de peso e desnutrição em crianças.
Em primeiro lugar, você já parou para pensar que a pandemia alterou, até mesmo, a nossa alimentação? Pois é! E isso aconteceu por diversos motivos.
Com essas mudanças, ficaram cada vez mais comuns os casos de crianças que são fortes e até acima do peso, mas que estão anêmicas.
Isso acontece devido à qualidade e natureza dos alimentos ingeridos por elas.
Assim sendo, entenda um pouco mais sobre as alterações alimentares que chegaram por conta da Covid-19 e como essas mudanças mexem com a saúde e qualidade de vida da sua família.
A mudança do hábito alimentar durante a pandemia: como tratar excesso de peso e desnutrição em crianças
Para entender o motivo de crianças e bebês estarem acima do peso, porém anêmicos, é preciso primeiro analisar algumas mudanças no hábito alimentar durante a pandemia de covid-19.
Provavelmente, é possível identificar alguma dessas alterações em sua casa e na sua família.
Em primeiro lugar, precisamos falar sobre a questão emocional. Muitas pessoas costumam ver a comida como válvula de escape em momentos difíceis, já que alguns alimentos liberam serotonina, o chamado ‘hormônio da alegria’.
A comida que costuma trazer essa sensação é justamente aquela que não podemos ingerir com frequência, por conta das consequências à saúde, como doces e algumas frituras e industrializados.
Durante a pandemia da covid-19, muitos de nós ficamos com o psicológico abalado, e isso inclui as crianças – o que faz com que procuremos mais alimentos como esses.
Além disso, a pandemia também trouxe uma mudança na questão da segurança alimentar. Produtos industrializados tendem a ser mais baratos e acessíveis, além de terem preparos fáceis e rápidos.
Ou seja, esses produtos se tornam a primeira opção de muitas famílias em momentos nos quais o dinheiro é um problema.
Uma pesquisa da NutriNet Brasil, divulgada pela Agência Brasil mostrou o aumento no consumo desses alimentos durante a pandemia de Covid-19, principalmente em regiões periféricas.
Carlos Monteiro, professor que coordenou a pesquisa, acredita que boa parte desse aumento veio com a intensificação das propagandas dessas mercadorias durante este período.
Por outro lado, famílias que passaram a dispor de mais tempo com a pandemia, por causa do home office, e que têm condição financeira melhor, passaram a buscar mais alimentos naturais.
O levantamento mostrou que o consumo de hortaliças, frutas e feijão cresceu cerca de 4,4% durante a pandemia.
Os efeitos da dupla carga de má nutrição
No caso das famílias que começaram a ingerir mais alimentos industrializados durante a pandemia, é bastante comum vermos uma situação chamada “dupla carga de má nutrição”.
Ela ocorre quando uma pessoa – nesse caso, principalmente as crianças – têm a manifestação simultânea de desnutrição (deficiências de micronutrientes, baixo peso e baixa estatura) e de excesso de peso.
A soma desses dois fatores é muito comum, principalmente em países e regiões onde a renda é menor, justamente pela facilidade do acesso e menor preço dos alimentos industrializados.
Com isso, vemos crianças que, apesar de estarem acima do peso, seguem com problemas de desnutrição e anemia.
E é preciso ficar atento! Afinal, tanto a desnutrição quanto o excesso de peso podem trazer efeitos negativos na saúde a longo prazo, principalmente quando ocorrem precocemente, ainda na infância e adolescência.
Essa dupla carga de má nutrição pode surgir de diversas formas diferentes: tanto em uma única pessoa, como é o caso de crianças acima do peso, mas com problemas nutricionais devido à qualidade dos alimentos ingeridos, quanto em nível familiar.
No caso do nível familiar, ela acontece quando, por exemplo, vemos uma mãe com excesso de peso e um filho com desnutrição.
Do mesmo modo, o problema também pode ocorrer em um nível maior, na comunidade como um todo.
Isso acontece quando, em um mesmo local, vemos altas taxas de desnutrição e, também, altas taxas de obesidade.
No caso de crianças, principalmente, a combinação de excesso de peso e desnutrição pode causar uma série de problemas de saúde que, quando agravados, contribuem até mesmo para o aumento da mortalidade infantil.
De acordo com o pediatra e neonatologista Jorge Huberman, estar acima do peso, não significa estar bem nutrido, e isso também serve para os adultos. “É possível identificar sintomas como anemia, alterações intestinais, renais e respiratórias tanto em adultos, quanto em crianças”.
De olho no futuro da nutrição da sua família
Justamente por trazer tantos outros problemas de saúde relacionados, é preciso ficar de olho na alimentação da sua família e o momento de começar é agora!
Pesquisa divulgada em maio de 2020 pela Global Nutricion Report, apontou que o número de crianças com desnutrição severa poderia aumentar 20% como resultado da Covid-19.
A boa notícia é que é possível reverter esse caso. O primeiro ponto importante é visitar o pediatra com frequência, para realizar exames e entender se a dupla carga de má nutrição está presente no seu filho e, se sim, em qual nível.
A partir daí, seu médico poderá orientar a melhor forma de reverter a situação, seja com o apoio de nutricionistas, com o aumento de atividades físicas, reposição de vitaminas ou, quem sabe, a mistura dos três!
A fim de que não chegue nesse nível, é possível começar a mudar os hábitos da sua família hoje mesmo. O ponto positivo é que quanto mais novo for seu filho, maior a chance dele se adaptar à nova rotina.
Caso opte por alimentos mais saudáveis durante as refeições, com um cardápio balanceado, além de perceber melhoras na saúde, seu filho vai aprender a forma correta de se alimentar – o que vai refletir no restante da sua vida adulta.
Como tornar a alimentação mais saudável e nutritiva
Por mais que pareça difícil, alterar o cardápio para incluir opções mais saudáveis não é tão complicado assim.
No caso de almoço e jantar, por exemplo, você pode trocar o arroz comum pelo integral e oferecer sempre opções de legumes e saladas, como alface, tomate, repolho, entre outros.
Já nos lanches da tarde e da manhã, troque as bolachas, salgadinhos e bolos por frutas.
Os pais podem oferecer uma fruta diferente a cada dia. Com isso, além de colocar nutrientes à disposição do seu filho, também será interessante aguçar o paladar dele.
No café da manhã, a mesma coisa! O segredo é manter um cardápio balanceado. Isso não quer dizer que seu filho não poderá comer mais doces ou industrializados.
Muito pelo contrário: as mudanças farão com que ele aprenda que é importante comer um pouquinho de tudo e balancear a alimentação.
O caminho é tentar pensar na pirâmide alimentar e se esforçar para contemplar todas as categorias durante as refeições.
Se o caso da sua família for severo, você vai precisar de ajuda para fazer essas mudanças, e o acompanhamento de um nutricionista especializado é sempre bem-vindo!
Esse profissional fará um cardápio especializado para a família, contemplando tudo o que ambos precisam para estarem fortes e saudáveis.
Além, é claro, de prevenir problemas futuros. Não espere para começar a mudar! Sua saúde e a do seu filho vão agradecer no futuro.
Para marcar uma consulta com o pediatra e neonatologista, Dr. Jorge Huberman, ligue para (11) 2384-9701.