Dr. Jorge Huberman

Como falar sobre guerra com as crianças?

Existem alguns assuntos muito difíceis e delicados para se falar com as crianças, e “guerra” é um deles. Com todo esse conflito recente entre Rússia e Ucrânia, seu filho provavelmente deve ter escutado algo sobre o tema e feito muitas perguntas. Justamente por isso, é importante saber como falar sobre guerra com crianças.

Com televisão, rádio e redes sociais (internet), é praticamente impossível que seu filho ainda não tenha visto ou ouvido nada sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia. Por mais que não entendam plenamente os inúmeros porquês que envolvem esse conflito, as crianças sabem que a guerra causa destruição.

Sendo assim, os pais não podem se assustar quando o filho perguntar sobre o confronto entre os dois países. Os pais já devem ter em mente que esse assunto pode surgir. Antes de tudo, saiba que é necessário ser firme e ter muita cautela para explicar esse tema, de forma clara e objetiva, para uma criança.

Não tem como ignorar o assunto e os pequenos também querem saber o que está acontecendo. Lembre-se que a abordagem da conversa varia de acordo com a idade do seu filho e a maturidade dele em lidar com temas relacionados a tragédias como essa.

O pediatra e neonatologista Jorge Huberman, reforça: “Muitas vezes, o que as crianças estão precisando é de um interlocutor para desabafar sobre medos que também são nossos. Nem todos os pais são historiadores, internacionalistas e/ou geógrafos que estudam o conflito entre Ucrânia e Rússia para oferecer respostas bem explicadas. Então, conversar sobre esse assunto com as crianças pode ser mais uma oportunidade de abordar sentimentos que podem estar atravessando os pequenos”, diz.

O pediatra e neonatalogista, Dr.Jorge Huberman, em seu consultório, no Instituto Saúde Plena fala sobre conversar sobre guerra com as crianças
O pediatra e neonatalogista, Dr.Jorge Huberman, em seu consultório, no Instituto Saúde Plena fala sobre conversar sobre guerra com as crianças (Foto: Kesher Conteúdo/Divulgação)

Se o seu filho está na fase de fazer várias perguntas sobre o mundo e tudo ao seu redor, esteja preparado. É possível que ele faça perguntas difíceis ou até mesmo que nem você saiba responder. Para que isso não aconteça, esteja informado sobre os assuntos referentes à guerra.

No entanto, está tudo bem caso não saiba o que dizer, explique isso ao seu filho e diga que lhe trará a resposta em momento oportuno.

Meu filho perguntou sobre a guerra! E agora?

Muita calma nessa hora! Quando o seu filho for até você e perguntar sobre a guerra, não mude de assunto. Por mais que tenhamos o costume de evitar comentar sobre temas polêmicos com as crianças, não podemos negar que esse tipo de pauta existe e que uma hora ou outra chegará aos ouvidos do seu filho.

Os pais precisam encarar essa situação como uma oportunidade de explicar o conflito de uma forma firme e objetiva, sem deixar um espaço aberto para medos, incertezas e inseguranças. Nesse caso, se aparecerem dúvidas, a orientação vem diretamente dos pais – principal referência para os filhos.

Se você ignorar as perguntas das crianças, ou não não respondê-las de uma forma que ele entenda, é provável que ele se sinta cada vez menos confortável e confiante em levar um novo assunto para você. O diálogo entre pais e filhos é imprescindível e os responsáveis não devem perder essa relação.

Assuntos como a guerra, que envolvem caos e violência generalizada, são muito delicados e provocam várias dúvidas sobre o porquê desses acontecimentos. Sendo assim, é fundamental que os pais e adultos que participam do convívio da criança, saibam como conduzir essa conversa com ele ou quando a criança estiver ouvindo.

Os pais precisam estar preparados para falar sobre guerra com os filhos, caso eles perguntem (Foto: Freepik)
Os pais precisam estar preparados para falar sobre guerra com os filhos, caso eles perguntem (Foto: Freepik)

Se o seu filho te perguntar sobre a guerra, use a tática de respondê-lo com outra pergunta, como: “o que ouviu sobre o assunto?” ou “o que você quer saber?”. Entendendo o tamanho da preocupação da criança, você consegue ter noção até que ponto pode levar a conversa e qual será o direcionamento para respondê-la.

Ouça os questionamentos do seu filho com muita atenção e carinho e jamais desvalorize as emoções e sentimentos da criança. Pelo contrário: acolha-os e demonstre que você se importa com a sua opinião.

Para cada idade, uma conversa

Quando o assunto é guerra, torna-se fundamental saber oferecer informações apropriadas à idade das crianças. Isso muda de acordo com a capacidade de compreensão de cada uma delas. Quando a criança for muito nova, você pode explicar o assunto por meio de histórias; quando mais velhas, opte pela contextualização do tema.

Com metáforas e alusões históricas, mostre ao seu filho as questões humanas envolvidas no tema e os pontos negativos consequentes da guerra. Você pode até passar por questões políticas e econômicas, mas nada muito aprofundado, porque a criança não vai entender.

No caso de crianças mais velhas, esse assunto pode ser melhor explorado, até porque, nessa fase, as dúvidas relacionadas à guerra podem ser maiores. Sendo assim, contextualize a situação baseando-se nos fatos mais relevantes e cruciais para o estopim da guerra.

Diga ao seu filho que a vida dele e das pessoas que ele ama não está em risco
Diga ao seu filho que a vida dele e das pessoas que ele ama não está em risco (Foto: Freepik)

Muitas vezes nem nós mesmos entendemos o verdadeiro motivo por trás de tanta destruição, violência e morte. O importante é frisar que as guerras são uma tragédia enorme para as pessoas e trazem consequências terríveis que ficam marcadas na história.

Aqui, você pode usar exemplos de conflitos anteriores à guerra entre Rússia e Ucrânia para mostrar a repercussão negativa que eles tiveram na sociedade, que, infelizmente podem ser vistas até hoje. Reforçar que essa, no entanto, ainda não é uma realidade do Brasil, é uma forma de ajudar o seu filho a se sentir seguro.

Falar sobre guerra com crianças x medo

Se não houver nenhum familiar ou pessoa próxima à criança envolvida diretamente no conflito, por mais que a guerra cause tragédias irreparáveis para cada uma das famílias envolvidas, seu filho precisa entender que ainda se trata de uma situação distante, e que não colocará a vida dele ou de quem ele ama em risco.

De alguma maneira, a criança precisa acreditar que não está em constante perigo. Caso contrário, ela pode apresentar alterações no comportamento e desenvolver transtornos mentais. Se isso acontecer, consulte um psicólogo ou pediatra. Esses profissionais vão ajudar seu filho a lidar com as dificuldades e superar essa questão. Procure-os também caso não saiba de que maneira abordar o assunto com a criança.

Para marcar uma consulta com o pediatra e neonatologista Dr. Jorge Huberman, ligue para (11) 2384-9701.